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Aletha caminhava na frente de um grupo de ovelhas. Eram um grupo de cento e dezesseis ovelhas. Ela olhava atentamente o rebanho. Tentava caminhar o mais rápido possível. Mas, tinha medo de que suas ovelhas se afastassem. A jovem  de 16 anos queria chegar ao rio Eurótas o mais rápido possível. Era um plano audacioso. 

Seu pai tinha lhe dito para não se aproximar do rio porque aquelas terras haviam sido doadas ao rei Menelau. Mas, Aletha sabia que a parte do rio, a frente do palácio, e mais próxima ao mar não foram dadas oficialmente a Menelau.Além disso, o entardecer estava chegando. Logo escureceria e ninguém a veria por ali. Então, suas ovelhas encontrariam um pasto mais verde. E o melhor para o rebanho, era o melhor para ela e sua família. Valia a pena arriscar. Ela já se afastara muito de casa procurando pasto. Não ia deixar ninguém a impedir. Afinal, a parte da frente do palácio não pertencia oficialmente ao rei Menelau, pertencia a Titos, o hiliota amigo de seu pai.

Narce, escrava alegre, caminhava carregando um odre. Esperava enche-lo de água quando chegasse ao rio. .Alem dela, Narce, Galatea, sua nova escrava. Ela caminhava um pouco triste.

– Aletha, não se preocupe com Galatea. Ela logo vai ficar bem. Só está sentindo um pouco de falta da irmã. Mas, isto logo vai passar.

Narce  , sua escrava alegre e espontânea,  tinha vindo de Mileto.. Em Mileto sua família era pobre, ela havia passado fome. Com Aletha ela encontrou comida em fartura e uma grande amiga. Galatea, por outro lado, ainda não estava acostumada com a escravidão. Não conseguia aceitar porque seu pai havia lhe vendido. Seu pai havia empobrecido e adquirido dívidas com o pai de Aletha. “Deve ser por causa de sua amante. ” Talia havia comentado  indignada “Se não tivesse gastado com amante o dinheiro teria sobrado.”

Talia caminhava um pouco mais distante, mas parecia prestar atenção as ovelhas. Aletha olhava para Talia desejando fazer algo para anima-la.

– Galatea, vamos caminhar mais rápido o rio esta quase a nossa frente. Aletha apontou para a direção. E logo a seguir olhou para sua esquerda, procurando sinal do palácio de Menelau. Ela viu uma construção bem distante sobre um planalto. Mas , a construção era pequena, realmente estavam longe. As três jovens caminharam por mais algum tempo. Quando chegaram ao rio, Narce correu até a água e começou a chutar a água.

– Aletha, conseguimos e você terá o rebanho mais bonito de Tanenarum. Aletha correu até Narce.

– Sim, valeu a pena a caminhada Aletha abaixou para beber um pouco de água antes que as ovelhas chegassem e sujassem aquela água. Depois virou-se para Narce e disse:

– Deixe-me encher o odre com água. Preciso enche-la antes que Galatea chegue com as ovelhas. Aletha encheu o odre lentamente. Era uma espécie de saco de couro que os pastores usavam para levar líquidos como água. Quando terminou de encher Galatea já havia chegado com as ovelhas. Ela observava  garantir que nenhuma fosse à parte funda e morresse afogada. Mas, Aletha lhe chamou.

– Narce e Galatea a venham aqui, vejam o que achei no leito do rio. As duas escravas se aproximaram . Aletha tinha uma das mãos fechadas na outra segurava o odre. Quando as jovens chegaram ela segurou o odre nas duas mãos e atacou a água nas escravas . Primeiro em Narce, depois em Galatea.

– Este é uma pequeno sinal da nossa conquista. As preciosas águas do Eurotas. Narce e Galatea gritaram com a água fria.

– Vou te molhar também, Aletha. Disse Narce que enchia as mãos de água, e tentava alcançar Aletha que corria. Galatea, logo a acompanhou. Mas, era difícil para as duas molharem Aletha, já que não tinham outro odre, e apenas as mãos – Ninguém vai conseguir me molhar. Dizia Aletha, satisfeita porque agora Galatea participava  da brincadeira. – Então, derrepente ela viu surgir da vegetação dois cavalos. Na frente do primeiro vinha um homem forte e alta, que dizia.

 – O que estão fazendo aqui, estas terras pertencem ao rei Menelau? Não é permitido a nenhum heliota entrar nessas terras.

Aletha buscava coragem para saber o que responder. Queria chamar aquele homem de usurpador, mas ao mesmo tempo sentia medo. Então, sentiu coragem e respondeu.

– Meu senhor, não sou heliota, sou grega, de origem heriacleta. Meu pai é Aurecil, filho de Leônidas, e habita as terras de Augea. Fui informada por meu pai, que as terras entre o palácio e o mar, não pertenciam ao rei Menelau, pertenciam a Titus o heliota. Foi ele que deu de presente para o rei para Menelau, para louva-lo pelas suas conquistas na Guerra Troia. Ele deu as terras para além do planalto e próximas ao rio, mas conservou para si mesmo as suas terras do lado do planalto e as terras do rio mais próximas ao mar. Por este motivo meu pai enviou-me para buscar pasto para as ovelhas. Mas, oferecerei ao meu senhor alguma de nossos ovelhas, e também queijos e vinhos de qualidade, em gratidão a sua generosidade.

– O rei Menelau não precisa de seus queijos e vinhos. E suas ovelhas já tiveram a água que precisavam e terão que partir.

Nicostratos, o jovem que vinha no cavalo atrás, falou com o homem mais forte.

–  Deixe-a permanecer aqui por quanto tempo desejar, ela tem razão , estas terras não são da nossa família. Pertencem a Titus. Se fossem homens de má fé deveríamos impedi-los. Mas, ela pertence a família de Leônidas, que foi leal ao meu pai e lutou ao seu lado na guerra de Tróia.

– Sim, meu senhor – Respondeu Tértulo, meio inconformado por ter que obedecer o jovem príncipe. E, virou-se na direção do palácio. Nicostratos, logo virou-se e o acompanhou. Mas, então, parou o cavalo e voltou-se na direção de Aletha.

Quando-se chegou mais perto lhe pediu :

– Peço um pouco de água limpa do seu odre. Estou com sede.

Aletha estendeu o odre, receosa de que não tivesse mais água. Nicostrato tomou o odre e balançou-o na mão.

– Está vazio.

– Sim, meu senhor.

Nicostratos, desceu do cavalo e estendeu o odre nas águas do rio e começou a enche-lo. Ele observava. Aletha se destacava de suas escravas pela beleza. Tinha algumas sardas que chamariam a atenção de quem olhasse de perto. Mas, de longe era perfeita. Os cabelos, o rosto marcante, o corpo bonito, o vestido, mais bonito e adequado para uma pastora, e os adereços: longos brincos e pulseiras que enchiam o pulso esquerdo. Quando terminou de encher o odre, Nicostratos disse:

 – Vou lhe dar algo que merece por sua ousadia de ter se aproximado do palácio do rei Menelau. Nicostratos dizia isto, enquanto jogava as águas do odre em Aletha. Ele ria.

– Você mereceu um banho, molhou todas as outras.

Aletha, agora,  sem temer o príncipe , tentou molhado com suas mãos. Mas, não foi o suficiente. Então, lhe pediu com um sorriso.

– Devolva o meu odre, preciso encher de água antes que as ovelhas sujem todas a água.

– Não confio em você . Vou deixa-lo naquele galho cumprido daquela árvore, disse Nicostratos, enquanto subia no cavalo. Ele cavalgou até a arvore, então desapareceu por entre a vegetação que aproximava do rio.

– Parece que o príncipe gostou de você. – Disse Narce. – Aletha vai se tornar a futura rainha dos gregos.

Aletha fico um tempo em silêncio. Ela se lembrava do jovem que acabava de descobrir ser Nicostratos, o príncipe herdeiro. O jovem não tinha os traços do rosto perfeito. Mas, como era atraente,  testa larga, braços fortes, alegre o suficiente para brincar com ela. Então, hesitou:

 – Não, não Narce, nunca vou me casar com o príncipe. Sou de uma família simples.

– Não, é não. Seu pai é Aurecil. Filho de Leônidas, descendente de Hércules . Tenho certeza, pelos olhos do príncipe que ele gosta de você.

– Não, não sou o que você pensa .Sou bastarda. Filha de Laontes.

Narce olhou surpresa para sua dona:

– Nunca podia imaginar isto. Sua mãe teve um caso com o cunhado?

– Não sei o que aconteceu ao certo. Sei que isto foi antes dela se casar com meu “pai”, Aurecil.....

– Bem, mesmo que seja filha de Laontes, acredito que possa se casar com Nicostratos. Seu pai, Aurecil, gosta muito de você. Ele nunca dirá a Nicostratos que você é uma bastarda.

– Pode ser.

IX- Risos e balidos

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